segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

PERVERSO POLIMORFO

 

Assim Sigmund Freud chama esses anjinhos. Aparentemente inocentes, sem maldade, ainda sem sexualidade, etc. A grande inverdade na qual somos levados a acreditar. 


"Estudar psicanálise com crianças implica em reconhecermos que ao longo da história ocidental o conceito de “infância” sofreu transformações. Embora a psicanálise tenha sido criada num momento em que a criança era falada pelos saberes pedagógicos e psicológicos foi por um outro prisma que Freud enxergou a criança.  O objetivo deste trabalho é compreender a evolução histórica do conceito de criança de forma a podermos analisar o impacto do discurso freudiano como um divisor de águas, no que tange à compreensão da subjetividade infantil. Esta pesquisa foi realizada a partir de um estudo bibliográfico de fontes especializadas na literatura psicanalítica. A pesquisa revelou que, dentro de uma perspectiva histórica, a criança partiu de uma situação na qual era ignorada, quanto às suas particularidades subjetivas, até o ponto de torna-se objeto privilegiado da atenção do Estado. Apesar da importância que a criança passa a ter para a sociedade capitalista, a criança continuou sendo vista como um ser assexuado, imaturo, sem desejo próprio e portadora de uma natureza passível de correção. Em os “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”, Freud pôs em xeque as concepções moralizantes sobre a atividade sexual das crianças. Através do conceito de pulsão, ele concebe o corpo da criança como um corpo erótico, um corpo de desejo. Com a teoria do complexo de Édipo, portanto, Freud apresenta ao mundo uma nova criança, dotada de uma sexualidade perversa-polimorfa, capaz de ser auto-suficiente e impossível ser dominada. Desse modo, porde-se concluir que a descoberta da sexualidade infantil não foi uma prerrogativa da psicanálise, mas sim uma decorrência da mudança ocorrida a partir do século XVII, em que o poder soberano do Estado, de causar a morte ou deixar viver seus cidadãos, é substituído por uma preocupação sobre a administração dos corpos e pela gestão da vida. Sendo assim, o grande mérito da psicanálise não foi introduzir a sexualidade infantil no discurso do saber, mas retirá-la de uma perspectiva reguladora e normativa, em que sua presença era temida e reprimida."   (trecho de: "O impacto da psicanálise na concepção do sujeito infantil"; autores: Luísa Pereira dos Santos; Bárbara Amoy Netto; Gilmar de Carvalho Machado; Ítallo Wigand Auatt; Julie de Souza Gomes Abreu Barbosa.)

2 comentários:

  1. essas carinhas "inocentes" nunca me enganaram...

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  2. Interessantíssimo essa postagem...já havia lido sobre isso! Então se essa sexualidade perversa-polimorfa é apresentada pelo complexo de Édipo, então ela é originada da fase falica, onde há essa distinção do sexo..acho q por isso q na época até Breuer não "aceitou" essa teoria de Freud devido as características dadas por Freud as crianças[corpo erótico, um corpo de desejo], principalmente com relação ao ambiente familiar...

    ah, se tiver algo errado, perdoem-me! sou leiga no assunto! =p

    vcs devem publicá-lo! ;)

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